Projeto-piloto de atendimento ambulatorial à comunidade trans anunciado no HMIJS
Duas semanas após ter sido habilitada como a primeira unidade da Bahia no atendimento especializado aos Povos Originários do estado, o Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, uma obra do governo da Bahia administrada pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS) anunciou ontem (25) à tarde que, a partir da segunda quinzena de abril, inicia os primeiros atendimentos ambulatoriais à comunidade trans da região.
O projeto-piloto vai, inicialmente, permitir a realização de exames de rotina e hormonais e consultas nas especialidades de endocrinologia e ginecologia. Mas a direção do hospital trabalha para oferecer, ainda neste primeiro semestre, serviços nas especialidades de psicologia, psiquiatria e urologia.
O anúncio foi feito pela diretora-geral, Domilene Borges e pelo diretor-médico, Samuel Branco, para um grupo de homens e mulheres trans que desde o ano passado dialoga com o hospital sobre o modelo de implantação do serviço, que inclui, além das especialidades, treinamento dos colaboradores para a condução de uma realidade que é vista pelo próprio grupo, como “sujeita a muitos preconceitos”.
Momentos históricos
Ano passado, o HMIJS realizou dois momentos com a comunidade trans. O primeiro, de acolhimento, com um abraço simbólico à causa. Depois, palestras durante as comemorações do Orgulho LGBTIAPN+. A direção do hospital também visitou a Maternidade Climério Oliveira, em Salvador, considerada referência nesse modelo de atendimento, onde são realizados partos de homens trans. E foi visitada pela assessora técnica da área de saúde LGBT, da Secretaria Estadual da Saúde, Fabiana Brandão, que veio conhecer as condições propostas pela direção da unidade, debater e construir juntas o formato de um novo e inédito serviço na região.
A unidade de Ilhéus ainda reivindica a habilitação do serviço. Além de Salvador, já há outros projetos em funcionamento e em estudo no interior. Com a implantação do ambulatório no HMIJS, será possível ampliar mais essa política pública de saúde na região. Enquanto a habilitação não sai, a intenção, de acordo com a diretoria, é construir uma série histórica no atendimento, mostrando a demanda e a importância deste atendimento para o sul e extremo sul da Bahia.
Série histórica
“Foi assim que também construímos o projeto do primeiro hospital da Bahia especializado no atendimento aos Povos Originários, que é uma realidade conquistada”, lembra. Domilene destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem em uma das suas diretrizes a consolidação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. “E O SUS, em sua plenitude, em condições de igualdade para todo cidadão e cidadã brasileiros é uma luta permanente travada pela Sesab e pela FESF, que dão o aporte necessário para avançarmos”, destaca a diretora.
Investimento
O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio é a primeira maternidade 100 por cento SUS da região. Completou dois anos em dezembro do ano passado. Já ultrapassou a casa dos seis mil partos. A unidade possui 105 leitos para obstetrícia, partos normal e de alto risco, pediatria clínica, UTIs pediátrica e Neonatal.